“Sentado
a sua escrivaninha, olhando o jardim descuidado, ele se deslumbra com o que o
pequeno banjo está lhe ensinando. Seis meses atrás, pensava que seu próprio
lugar fantasmagórico em Byron na Itália
ficaria em algum ponto entre Teresa e Byron: entre o desejo de prolongar o
verão do corpo apaixonado e o relutante chamado para o longo declínio do
esquecimento. Mas estava errado. Não é o erótico que o atrai afinal, nem o
elegíaco, mas o cômico. Ele não se vê na ópera nem como Teresa, nem como Byron,
nem mesmo como uma fusão dos dois: ele se vê na música em si, no planger
pequeno, simples, das cordas do banjo, na voz que luta para se afastar do
instrumento jocoso, mas que é continuamente puxada de volta, como um peixe na
linha.
Então
é isso a arte, pensa, e é assim que funciona! Que estranho! Que fascinante!”
Desonra, de
J. M. Coetzee, p. 207
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